Por Luciane Aquino
O F8 2017, evento anual em que o Facebook faz seus principais anúncios de novos produtos e plataformas, nunca foi tão futurista. O CEO Mark Zuckerberg não faz segredo sobre sua intenção de desenvolver um “Facebook que possa ler pensamentos”, e a empresa apresentou hoje seus avanços nesse campo. Abrigados no já famoso Building8, 60 cientistas estão construindo uma solução que leia o cérebro e traduza os pensamentos em linguagem escrita.
A líder do Building8, Regina Dugan, explicou que o objetivo é permitir que os usuários escrevam 100 palavras por minuto (cinco vezes mais do que um humano consegue hoje no seu smartphone) usando aparelhos externos (sem implantes cerebrais).
Outro projeto abrigado no Building8 pretende permitir que os humanos “ouçam” através da pele usando um aparelho que simula o funcionamento da cóclea. Com essas iniciativas, somadas a outras de Zuckerberg como o avião Aquila, movido a energia solar, e aos desenvolvimentos envolvendo o aparelho de realidade virtual Oculus Rift e às novas versões da câmera Surround 360, o Facebook coloca definitivamente o pé no mundo do hardware. Bom lembrar que Elon Musk, CEO da Tesla, está trabalhando na criação de interfaces cerebrais na startup Neuralink.
Outros pontos importantes do F8:
– Mark Zuckerberg mostra a razão por que comprou a Oculus Rift e, como era esperado, começa a investir pesado em aplicações práticas de virtual reality/realidade aumentada.
– O produto que mais deve fazer barulho é o Facebook Spaces (já no ar em beta), que permite encontro de amigos misturando realidade virtual a ambientes do mundo real. O problema no momento é que depende do uso do Oculus para oferecer uma experiência ideal. Os avatares seguem esquisitos, como dá pra ver na foto acima. Em breve, saberemos se o Second Life teria sobrevivido se tivesse nascido dentro de um ambiente social como o Facebook.
– O líder do projeto Oculus, Michael Abrash, disse que os smartphones vão totalmente ser substituídos por lentes inteligentes em um prazo de 20 anos, e que os óculos transparentes que misturam o mundo real e o virtual serão uma realidade em 5 a 10 anos.
– Pensando fora da experiência do Oculus, o FB investe na transformação da câmara do celular em um aparato mais sofisticado de realidade aumentada (Zucka chamou a câmera do celular de “primeira plataforma de realidade aumentada”). A brincadeira começa com a criação de mais máscaras, molduras e animações para fotos e lives (Snapchat feelings), mas promete evoluir a sério para aplicações educativas, informativas e comerciais. A coisa passa por reconhecimento de localização, de objeto e efeitos 3D sobre ambientes reais. Uma das profissões do futuro próximo será, sem dúvida, a de designer de experiências virtuais.
– O Messenger está integrado com o Spotify e em breve estará também com a Apple Music.
– Como já foi amplamente comentado, o Messenger passará a “reconhecer” as conversas de maneira inteligente e a sugerir ações e produtos em função delas. O produto se chama M Suggestions. A experiência vai determinar o quanto isso será ou não creepy.
– As páginas de negócios como restaurantes poderão “responder” aos clientes via Messenger usando bots nativos do produto (sem ter que desenvolver nada). Se o cliente perguntar o horário de funcionamento ou o preço de um produto e essa informação estiver cadastrada, o bot vai responder.
– O Messenger também deu início a um beta com o delivery.com em que um grupo de amigos pode fazer pedidos de tele-entrega coletivamente dentro de uma conversa (chega de eleger um coitado para pedir os pratos de todo mundo).
FONTE: ORGÂNICA ACELERADORA