A Câmara de Comércio Árabe Brasileira recebeu comitiva do Ministério da Agricultura libanês na manhã desta segunda-feira (29) para reunião com empresários brasileiros. Um dos temas do encontro foi a criação de um comitê bilateral voltado aos setores agrícola, de alimentos e bebidas com o objetivo de ampliar o comércio nestas áreas.
Estiveram presentes o presidente do departamento de importação e exportação agrícola do Líbano, Charles Zarzour, e o diretor geral do Ministério da Agricultura libanês, Luis Lahoud, além do diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, e de 16 representantes de 12 empresas brasileiras que atuam com comércio exterior.
Os libaneses disseram ter interesse em comercializar diversos tipos de produtos alimentícios no Brasil, como o azeite de oliva, tahine (pasta de gergelim), zaatar, trigo, conservas, hommus, babaganoush, arak (aguardente libanesa) e vinhos.
O comitê bilateral pretende mediar as relações comerciais entre os países, suas empresas e câmaras de comércio, para facilitar processos, tornando-os menos burocráticos e com maior custo-benefício para ambas as partes, garantindo também que as normas sanitárias de ambos os países sejam devidamente atendidas.
Lahoud colocou que o comitê terá reuniões pelo menos uma vez por ano, revezando entre Beirute e Brasília. A comissão poderá promover uma visita de empresários brasileiros ao Líbano em abril para conhecer o ministro da Agricultura local e os empresários libaneses do ramo agrícola e alimentício.
Foi mencionada também a criação de um convênio entre faculdades brasileiras e libanesas de veterinária e de outras áreas relacionadas ao setor, e Lahoud defendeu a assinatura de um o acordo de livre comércio entre o Mercosul e o Líbano o mais rápido possível.
Charles Zarzour disse que desde 2014 as exportações do Líbano caíram muito, pois os maiores compradores de seus produtos são países árabes vizinhos. O conflito na Síria afetou o comércio significativamente. Nesse cenário, os libaneses passaram a buscar alternativas para exportar e encontraram no Brasil um mercado potencial, já que o País abriga uma das maiores comunidades libanesas do mundo.
Zarzour fez uma apresentação informativa sobre a produção de azeite de oliva no Líbano, sua indústria e especificidades, e disse que a aceitação do azeite libanês está sendo muito boa na Europa, com pedidos crescentes, e que o país pretende intensificar a exportação para o Brasil. “Nosso objetivo é aumentar a quantidade produzida, mantendo a qualidade do produto”, afirmou.
Para o diretor comercial de relações exteriores da Globe Brazil International, Jorge Zakhem, a reunião foi produtiva e a Câmara Árabe vem fazendo um ótimo trabalho de mediação das relações comerciais. Sua empresa exporta carnes para os países árabes e pretende retomar a importação de vinhos libaneses. “Queremos encontrar ‘players’ que tenham estabilidade de volume e preço”, disse Zakhem.
Segundo Michel Alaby, o evento serviu para mostrar as dificuldades existentes na importação de produtos como azeite de oliva e vinho que o Brasil impõe não só para o Líbano, mas para todos os países. “A ideia desse comitê é propor algumas sugestões para ampliar a entrada de produtos libaneses no País”, destacou Alaby.
O Líbano exportou o equivalente a US$ 19,5 milhões para o Brasil no ano passado, um crescimento de 854% em relação a 2016. Foram exportados US$ 88,6 mil em azeites (135% a mais que no ano anterior) e US$ 93,5 mil em vinhos, um aumento de 31% na mesma comparação. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
FONTE: ANBA – Agência de Notícias Brasil-Árabe