Em setembro, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador da inflação “oficial” aumentou em 0,16%, frente à elevação de 0,19% registrada em agosto, superando em dobro o consenso de mercado.
Essa “surpresa” se explica fundamentalmente pelos reajustes dos combustíveis e das passagens aéreas e pela menor queda dos preços (deflação) do segmento de alimentação e bebidas.
Desse modo, no acumulado em 12 meses, que se aproxima ao que seria o resultado anual, o aumento de preços medido por esse índice alcançou a 2,54%, o que representa leve elevação em relação ao mês anterior, na mesma base de comparação (2,46%).
Nos primeiros nove meses do ano, contudo, o IPCA apresentou alta de 1,78%, muito abaixo da anotada para igual período do ano anterior (5,51%), configurando a menor inflação acumulada até setembro desde 1998, quando o aumento de preços foi de 1,42%.
Em igual mês, o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que corresponde a uma medida mais abrangente da inflação, apresentou alta de 0,47%, maior do que a observada em agosto (0,10%) e em setembro de 2017 (0,20%).
Assim, o resultado acumulado nos últimos 12 meses desse indicador mostrou deflação menos intensa, que, entre agosto e setembro, passou de 1,61% para 1,45%.
Essa perda de intensidade se explica fundamentalmente pela moderação da queda dos preços das matérias primas agrícolas (IPA AGRO). Também contribuiu para esse resultado o aumento mais intenso dos preços das matérias primas industriais (IPA IND) durante o mesmo período.
Em síntese, a desaceleração da inflação parece começar a perder intensidade, devido aos reajustes de preços administrados, enquanto projeta-se tendência de leve alta para os próximos meses, causada pela menor queda dos preços das matérias primas agrícolas, ao “esgotarem-se” os efeitos deflacionários da “supersafra”.
Ainda assim, contudo, a inflação “oficial” deverá terminar o ano muito próxima ao limite inferior da meta anual (3,0%), o que asseguraria a continuidade das reduções da taxa básica de juros (SELIC), por parte do Banco Central, fomentando a recuperação da atividade econômica.
FONTE: Instituto de Economia Gastão Vidigal