O Índice Nacional de Confiança (INC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) de fevereiro caiu três pontos em relação a janeiro e registrou 74 pontos. A variação ficou dentro da margem de erro, que é de três pontos. Há um ano, o índice registrou 72 pontos.
“A confiança do brasileiro está estabilizada em nível baixo. Ele espera mais sinais da economia e do governo, e mudanças concretas, que deem segurança para voltar a gastar”, diz Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Para ele, a liberação das contas inativas do FGTS pode ser um sinal nesse sentido. “A população já cortou gasto, trocou marcas de produtos, fez tudo o que pôde. O saque do FGTS poderá melhorar a impressão sobre a situação financeira do consumidor e a disposição para compras, ajudando a confiança a subir. Resta saber o tamanho do impacto que terá no INC nos próximos meses”.
O INC varia entre zero e 200 pontos, sendo que o intervalo de zero a 100 é considerado o campo do pessimismo e, de 100 a 200, o do otimismo. Encomendada pela ACSP ao Instituto Ipsos, a pesquisa foi feita em todas as regiões brasileiras entre os dias 1º e 11 de fevereiro.
Regiões
A confiança oscilou bastante em algumas regiões. As recentes crises penitenciárias em presídios das regiões Nordeste e Norte do Brasil fizeram despencar o INC dos consumidores locais.
Na passagem de janeiro para fevereiro, a confiança do nordestino bateu recorde de baixa, passando de 69 pontos para 58 – foi o menor valor registrado na região desde que o levantamento começou, em abril de 2005.
No grupo formado pelas regiões Norte/Centro-Oeste, o INC caiu de 99 para 89 pontos.
“O que pode explicar essas quedas é um conjunto de fatores, como a seca, as dificuldades financeiras dos governos, a crise de segurança em estados dessas regiões. Nessa situação, as pessoas deixaram de sair nas ruas, de movimentar o comércio e a cidade. A rotina foi alterada. Além disso, cenas como ônibus incendiados e massacres afetaram diretamente a sensação de segurança dos consumidores, deixando-os mais pessimistas”, diz Burti.
No Sudeste, houve leve melhora, de 72 pontos em janeiro para 74 em fevereiro. A confiança do Estado de São Paulo foi na contramão e encolheu quatro pontos (de 70 para 66). A razão é que, nesse estado, há uma cautela maior, resultante do perfil do consumidor, mais informado sobre a economia e a política.
No Sul, o ânimo em relação à safra agrícola e a possibilidade de equacionar as contas públicas no Rio Grande do Sul levaram a uma alta significativa, com INC passando de 80 para 86.
A pesquisa
O INC foi elaborado a partir de entrevistas pessoais e domiciliares em todas as regiões brasileiras, com base em amostra probabilística e representativa da população brasileira de áreas urbanas de acordo com dados oficiais do IBGE (Censo 2010 e PNAD 2014). Trata-se de uma medida da extensão de confiança e segurança do brasileiro quanto à sua situação financeira ao longo do tempo. Além de indicar a percepção do estado da economia para a população em geral, o índice visa a prever o comportamento do consumidor no mercado.