A balança comercial continua apresentando superávits recordes neste primeiro semestre do ano. Em junho, o saldo comercial foi de US$ 7,2 bilhões, 81% superior a idêntico mês de 2016, com as exportações totalizando US$ 19,8 bilhões e as importações US$ 12,6 bilhões. Esses valores representam um crescimento de 23,9% e 3,3%, respectivamente, sobre junho do ano passado, medidos pela média diária.
Nos primeiros seis meses, a balança comercial acumulou um saldo positivo de US$ 36,2 bilhões, recorde histórico para o período, obtido principalmente pela expressiva alta nas exportações. As vendas para o exterior alcançaram US$ 107,7 bilhões, registrando uma expansão de 19,3% em relação a 2016, na mesma base de comparação.
A supersafra de grãos, especialmente das exportações de soja, e os melhores preços internacionais das commodities, como minério de ferro e petróleo, foram os principais responsáveis pelos números positivos da balança comercial. Destacaram-se também as vendas de açúcar, celulose, automóveis de passageiros e veículos de carga, entre os produtos industrializados.
A China é a principal compradora (US$ 28,1 bilhões), seguida dos Estados Unidos (U$ 12,9 bilhões), Argentina (US$ 8,3 bilhões), Países baixos (US$ 4,7 bilhões) e Chile (US$ 2,5 bilhões). Esses cinco países, em seu conjunto, representaram 52,5% do valor total das vendas externas brasileiras, no semestre.
As importações também cresceram, mas em ritmo mais modesto, acumulando no semestre o valor de US$ 71,5 bilhões, um incremento de apenas 7,3% no período, ainda reflexo da fraca recuperação da economia brasileira. Aumentaram as compras de combustíveis e lubrificantes, bens de consumo e bens intermediários (insumos para a agricultura e petroquímica). Em compensação, caíram as compras de bens de capital (-27,6%), em decorrência da crise econômica.
Parcela importante das importações no período ficou concentrada em cinco países: China (US$ 12,5 bilhões), Estados Unidos (US$ 12,5 bilhões), Argentina (US$ 4,6 bilhões), Alemanha (US$ 4,4 bilhões) e Coréia do Sul (US$ 2,6 bilhões), que, no conjunto, representou 51,2% do total das compras externas.
No entanto, os robustos saldos comerciais continuam ajudando a manter o equilíbrio das contas externas, levando o governo a mudar suas projeções para este ano. Enquanto o Ministério do Desenvolvimento (MDIC) prevê um superávit de US$ 60 bilhões para a balança comercial (antes US$ 55 bilhões), o Banco Central reduziu o déficit esperado das “transações correntes” de US$ 28 bilhões para US$ 24 bilhões.
As “transações correntes”, soma dos saldos das contas comerciais e de serviços, no acumulado dos últimos doze meses terminados em maio, tiveram seu déficit reduzido de US$ 29,6 para US$ 18,1 bilhões, confortavelmente coberto pela entrada de investimento direto no país (IDP), de US$ 32,5 bilhões, registrados apenas nos primeiros cinco meses do ano. Nesse período, o que voltou a crescer foram as despesas dos brasileiros em viagens ao exterior (de US$ 2,4 para US$ 4,6 bilhões), em decorrência de uma taxa cambial favorável ao turismo externo.
Depois que o Banco Central, conteve a instabilidade no mercado cambial ocorrida em maio, gerada pela delação dos controladores da JBS, envolvendo o governo Temer, a cotação do dólar voltou a se estabilizar, registrando apenas pequenas flutuações, fechando o mês de junho valendo R$ 3,31. No semestre, houve uma apreciação do Real de 1,5% em relação à moeda americana e, nos últimos doze meses, de 3,1%, praticamente acompanhando de perto o aumento da taxa de inflação nesses períodos.
Sintetizando, a relativa estabilidade cambial, a supersafra de grãos, os melhores preços internacionais das commodities e a fraca demanda interna, tem sido as principais causas do crescimento das exportações neste ano, ajudando o país a se recuperar da crise econômica.
As vendas externas, no entanto, continuam concentradas em poucos produtos primários e dependendo de poucos mercados consumidores. Os produtos básicos representaram 49% das exportações, e apenas cinco países importaram 52% dos produtos brasileiros, no primeiro semestre do ano. Buscar acordos comerciais com outros países e avançar nas negociações de comércio entre o Mercosul e a Europa podem abrir caminho na busca da diversificação de mercados e dos produtos da pauta de exportação brasileira.
FONTE: Instituto de Economia Gastão Vidigal