Em maio, também de acordo com o IBGE, a atividade industrial registrou alta de 4,0% sobre o mesmo mês de 2016, porém com um dia útil a mais. No acumulado em 12 meses, a contração (-2,4%) seguiu perdendo intensidade em relação à leitura anterior (-3,6%). Na comparação com maio do ano passado, destaca-se a alta de 27,9% no ramo de veículos, graças às exportações. Também houve crescimento da produção de bens de capital (7,6%), ajudado pela maior demanda de equipamentos destinados aos setores agrícola, transporte e construção.
No mesmo mês, segundo o IBGE, também houve aumento tanto do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção), como do ampliado (que inclui todos os segmentos), em relação a maio do ano passado (2,4% e 4,5%, respectivamente). No resultado acumulado em 12 meses seguiu ocorrendo arrefecimento das contrações de ambos tipos de varejo (-3,6% e -5,3%, respectivamente), frente ao observado em abril (-4,6% e -7,1%, respectivamente).
No contraste interanual, vale mencionar as altas nas vendas de veículos (4,5%), material de construção (9,3%) e móveis e eletrodomésticos (13,8%), sugerindo que a queda da taxa básica (SELIC) pode estar chegando ao varejo, via queda de juros e alongamento de prazos.
Ainda de acordo com o IBGE, o setor serviços recuou 1,9% em maio, sobre igual mês de 2016, refletindo o alto nível de desemprego. Pesaram os serviços de pessoas físicas prestados a empresas (-5,7%) turismo (-5,2%) e outros serviços (-6,2%). A boa notícia foi a elevação do volume de serviços de transporte e armazenagem prestados (4,9%), refletindo as maiores demandas decorrentes da indústria, da agricultura e das exportações.
Também foi significativa a desaceleração da retração em 12 meses (-4,7%), após vários meses registrando quedas mais intensas (-5,0%). Dados da ACSP/BVS, com base nas consultas efetuadas durante o primeiro semestre, sobre o mesmo período de 2016, registraram quedas de 3,1% nas compras parceladas e 2,3% nas compras à vista, porém menos intensas que as observadas nos primeiros cinco meses do ano.
A confiança do consumidor, medida pelo Índice Nacional de Confiança (INC), calculado pelo IPSOS para a ACSP, mostrou, em junho, leve redução em relação ao mesmo mês de 2016 (-2,8%), estável dentro da margem de erro permitida (3,0%). A maioria dos entrevistados (59,0%) permaneceu insegura no emprego, apesar de que o número de pessoas desempregadas conhecidas por eles alcançou a 5, menor número desde abril de 2016.
De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC), divulgada pelo IBGE, a taxa de desemprego em maio chegou a 13,3% da força de trabalho, frente a 13,6%, registrada no mês anterior. A massa de rendimentos, que representa a renda das famílias auferida no mercado de trabalho, mostrou alta de 0,9% (-1,3% na ocupação e +2,3% nos salários), em relação a igual mês do ano passado. Esses resultados poderiam indicar que a desocupação pode ter iniciado uma queda gradual.
A taxa de inadimplência da pessoa física, medida pelo Banco Central, se elevou levemente em maio, em relação a abril, alcançando a 4,1% da carteira. A retração do crédito e a aversão a adquirir novos empréstimos, por parte do consumidor, seguem mantendo a inadimplência controlada.
Por sua vez, o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-BR), que funciona como prévia do Produto Interno Bruto (PIB), anotou, em maio, queda de 0,51% em relação a abril, livre de efeitos sazonais, contrariando expectativas de leve alta por parte do mercado. Contudo, no resultado acumulado do ano, menos sujeito a volatilidade excessivas, se registra praticamente uma situação de estabilidade (-0,05%).
Em síntese, os dados dos primeiros cinco meses do ano sugerem que o nível de atividade continua caminhando para a estabilidade, embora de forma ainda bastante lenta. A inflação oficial (IPCA) segue em franca trajetória de redução, o que tem levado alguns analistas a prever um resultado anual abaixo do limite inferior da meta de inflação (3,0%), o que poderá permitir que o Banco Central intensifique a redução da taxa de juros básica (SELIC).
FONTE: Instituto de Economia Gastão Vidigal