No início do ano, uma das lojas mais visitadas da Apple no mundo foi fechada temporariamente. Totalmente coberta, a unidade de Sidney, na Austrália, passou por um grande projeto de renovação.
Quatro meses depois, a nova fachada foi liberada para o público – três andares revestidos de vidro que brilham como joia graças a um novo sistema de iluminação com painéis de LED.
LOJA ICÔNICA DA APPLE EM SIDNEY PASSOU MESES COBERTA PARA EVITAR CURIOSOS
Embora tenha sido reaberta de forma limitada ao público por conta das medidas de segurança impostas pelo novo coronavírus, a repaginada deu o que falar e também levou muitos curiosos para dentro da loja que também reserva muitas novidades.
Em outros lugares do mundo não é diferente. Toda nova movimentação da marca direciona o consumidor para um comportamento de curiosidade e encantamento. Há quem atribua tudo isso à tecnologia acima da média. Outros dizem que o atendimento é imbatível.
Fato é que a Apple está para o varejo como a Disney está para o entretenimento. Em ambos os casos, há uma relação do consumidor pré-estabelecida com a marca que antecede o consumo ou interesse por determinado produto.
É PRA QUALQUER UM?
Em uma era tão digital, o ponto físico tem papel determinante na construção dessa relação, seja lá qual for o produto em questão. Não é preciso ter um iPhone como mercadoria para vender design e modernidade.
LOJA ENXUTA COM ILUMINAÇÃO DIRECIONADA E ITENS ORGANIZADOS VALORIZAM A VENDA DE FERRAMENTAS
Diferente de quase todas as concorrentes do setor, a Matos, marca francesa de ferramentas, soube valorizar a apresentação de seu estoque. Instalada temporariamente dentro da Merci, uma loja de design conceito, que recebe diferentes marcas por temporada em uma espécie de exposição, a Matos exibiu seu portfólio com muito glamour.
Chaves de fenda, capacetes, lâmpadas, caixas de ferramentas e afins foram dispostos em bancadas de forma organizada e enxuta – sem caixas empilhadas com estoque aparente como costumam apresentar as lojas do ramo.
Com uma iluminação bem direcionada, as peças ganharam destaque e podem ser facilmente manuseadas pelos clientes, pois ficam posicionadas na altura dos olhos ou pouco mais abaixo – muito diferente das prateleiras altas reproduzidas nessas lojas, com corredores superlotados e escadas atrapalhando a escolha de produtos.
As cores e materiais utilizados na decoração da loja também tornam o ambiente mais acolhedor – vermelho e laranja, lâmpadas amareladas e movelaria em madeira.
Considerada uma das maiores vendedoras de jeans dos Estados Unidos, a American Eagle se adaptou bem ao novo endereço escolhido – um bairro universitário em Manhattan.
O AE Studio ocupa dois andares em um prédio ao lado da Union Square, em Manhattan. A primeira coisa que se vê quando se entra na loja é a parede gigante de jeans conhecida como a Galeria Denim.
LOJA ICÔNICA DA AMERICAN EAGLE OFERECE LAVANDERIA PARA CLIENTES EM BAIRRO UNIVERSITÁRIO
Para se tornar mais atraente aos estudantes que moram nas redondezas, a loja espalhou estações de customização e instalou três lavadoras e secadoras industriais com sabão e amaciante como cortesia.
MOOSE KNUCKLES FOI PENSADA PARA EXPORROUPAS COMO EM UMA GALERIA DE ARTE
Um lounge no andar de cima tem vista completa para o parque e tomadas. O AE Studio é um exemplo da evolução da marca em convidar os clientes a desfrutar de uma experiência, sentindo-se em casa.
Vários iPads colocados nas prateleiras onde ficam os produtos mostram como as calças se encaixam nos corpos com uma imagem em loop animado. Na parte de trás da loja, uma “Maker’s Shop” para fazer customizações da peça na hora, você pode aplicar patches personalizados, trocar a etiqueta de couro na parte de trás do jeans e muito mais.
Ter um nicho reduzido de mercado para trabalhar também não impediu a canadense Moose Knuckles, que vende casacos de neve, a ter sua loja icônica.
A primeira flaghsip americana da marca, inaugurada em novembro de 2019, em Nova York, está mais para galeria de arte do que para loja física.
Com todo o ambiente, iluminação e movelaria projetado para receber telas e esculturas, a “exposição” traz os casacos mais vendidos pela marca.
Com araras e cabides suspensos, a estética da loja segue uma linha bem moderna e sustentável.
Seguindo a mesma linha, outro bom exemplo desse conceito é o projeto da 24 Issey Miyake, em Tóquio, no Japão.
A loja, que trabalha com peças de roupas básicas, transformou a visualização das peças em algo escultural.
Com uma pegada minimalista (exatamente o tipo de consumo que a marca propõe), a loja toda funciona como uma vitrine, com um pano de fundo branco e linhas de luminárias de aço – incluindo cabides e prateleiras – no formato de cestas de compras.
FONTE: Diário do Comércio