Em abril, a indústria mostrou por segunda vez consecutiva crescimento em relação ao mês anterior, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ao aumentar em 0,1%, após elevação de 1,4% registrada em março. Esse resultado surpreendeu positivamente os analistas de mercado, que esperavam contração da atividade, embora não seja capaz de repor as perdas sofridas pelo setor nos meses anteriores.
No contraste com o mesmo mês de 2015 e no acumulado do ano, continuaram a ser observadas quedas intensas na produção (-7,2% e -10,5%, respectivamente – Tabela 1), embora menores do que as registradas em março para as mesmas bases de comparação (-11,4% e -11,7%, respectivamente.
Na comparação com abril do ano passado, também houve contração menos intensa em três categorias: bens de capital (-16,5%), bens intermediários (-7,5%) e bens de consumo (-4%), e em dois segmentos: têxteis (-10,1%) e calçados (-3,2%).
Em sentido contrário, destaca-se o aumento da produção de bens semi e não duráveis (1,9%), alimentos (12,3%), produtos farmoquímicos (7,9%), bebidas (7,3%), papel e celulose (5,3%) e produtos de madeira (1,5%), estimulado pelo maior câmbio, que está impulsionando as vendas externas e a substituição de importações.
Em síntese, apesar de a indústria continuar em grave crise, esses resultados sugerem que a produção do setor poderia ter chegado ao “fundo do poço”, em linha com a evolução do Produto Interno Bruto (PIB), iniciando recuperação, principalmente no caso dos setores mais vinculados às vendas externas. Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) de maio mostram elevação das exportações de manufaturados (8,9%) e semimanufaturados (9%) em relação ao mesmo mês do ano passado.
Outros fatores que poderiam explicar esse arrefecimento seriam a redução dos estoques de alguns segmentos importantes, além da forte recuperação da confiança dos empresários do setor, provavelmente motivada pelas mudanças políticas, não se descartando, entretanto, o efeito das menores bases de comparação.
Contudo, esse esboço de retomada da produção industrial não será capaz de reverter a trajetória de queda esperada para 2016, porém deverá atenuá-la em relação ao ano passado.