Ao abrir quase 600 unidades franqueadas em 2019, Acqio Franchising pulou do 15ª para o 6º lugar na edição 2020 do Top 50. Mas as gigantes continuam no pódio – caso da líder O Boticário, McDonald’s e AM/PM
Com 3.806 lojas no país em 2019, O Boticário mais uma vez lidera o ranking do “Perfil das 50 Maiores Redes de Franquias no Brasil”, divulgado nesta quarta-feira (22/01) pela Associação Brasileira de Franchising (ABF).
Elaborada com base no número de unidades, a edição 2020 do levantamento traz o McDonald’s reassumindo a vice-liderança, com 2.533 lojas, trocando de posição com a rede AM/PM, que fechou 2019 em 3º e 2.377. Na sequência, vem a Cacau Show, que com 2.322 unidades se manteve na 4ª posição, seguida pela Subway, com 1.864.
Mas, além de o volume de unidades das Top 50 ter aumentado 9%, e de 33 marcas terem ultrapassado mil lojas, uma das novidades da edição é a entrada de uma microfranquia (com investimento até R$ 90 mil) entre as dez maiores do ranking da ABF: a Acqio Franchising, primeira a franquear o modelo de maquininhas de cartão.
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Ao pular da 15ª posição em 2018, para a 6ª em 2019, quando viu o número de unidades subir de 1.114 para 1.703 (uma alta de 53%), a entrada da Acqio no Top 10 não é reflexo só do menor investimento inicial (R$ 6,9 mil), mas da mudança de comportamento de consumo de clientes e lojistas, que procuram cada vez mais segurança e praticidade.
“Parece supresa uma microfranquia aparecer entre as maiores, mas cada vez mais veremos novas redes, em especial de serviços, que começam a apresentar esse crescimento rápido”, diz André Friedheim, presidente da ABF.
Nesse modelo de adquirência (da credenciadora – no caso, a Acqio – que conecta o negócio do contratante do serviço às bandeiras de cartão), o diferencial é “o franqueado ser a própria franquia”. Ou seja, é ele quem faz o trabalho de campo, ao realizar a pré e a pós-venda direto com o lojista, segundo o diretor de expansão Antônio Brizoti Jr.
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O investimento em mídias digitais para prospectar franqueados, que ajuda a avaliar se eles têm aderência a esse modelo, também têm impulsionado a expansão da rede, diz Brizoti. Assim como a universidade corporativa, que treina, desenvolve, ajuda a distribuir informações de modo rápido e a “corrigir rotas” quando preciso, destaca.
“Nosso franqueado fica muito próximo do cliente, dá todo o suporte possível antes e depois e credencia o lojista em 15 minutos”, afirma Brizoti.
Presente em mais de 1,2 mil cidades no país, a meta da Acqio para 2020 – assim como em 2019, quando a rede com sede em Barueri (Grande São Paulo) inaugurou 589 unidades – é manter o crescimento “acelerado e de qualidade”, segundo o executivo. “E, quem sabe, chegar ao 3º lugar do ranking da ABF”, planeja.
OUTROS DADOS
O Top 50 da ABF ainda trouxe marcas que galgaram posições mais altas no ranking – caso da Help! Loja de Crédito (40º para 24º), Piticas Moda Criativa (46º para 33º), Burger King Brasil (19º para 14º) e Óticas Carol (13º para 11º).
Há também as estreantes, como Odontocompany (25º), Espaçolaser (30º), Oggi Sorvetes (37º), San Martin (42º), KNN Idiomas (45º), Nutrimais (47º) Ceopag (48º), Ceofood (49º) e Supera – Ginástica para o Cérebro (50º). Isso porque, para figurar na edição 2020, o número mínimo de unidades aumentou de 301 para 321 (alta de 7%).
Essa edição também mostrou que os investimentos em novos modelos de negócio continuam: enquanto nos dois últimos anos o percentual de lojas tradicionais caiu de 88% para 85% do total, formatos como quiosques, unidades móveis e franquias home-based aumentaram de 12% para 15%.
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Quanto aos setores, apesar de terem apresentado queda (de 40% para 35%), as franquias de alimentação ainda concentram a maior parte das lojas, segundo o estudo, principalmente em shoppings. Já o setor de serviços registrou o dobro de marcas.
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Nessa edição do Top 50 da ABF, pela primeira vez há um recorte específico das cinco maiores redes por número de unidades em cada um dos 11 segmentos do setor. Algumas fazem parte do ranking – como o McDonald’s, que lidera no segmento em Alimentação, e a Acqio, em Comunicação, Informática e Eletrônicos.
“A ideia é ir mais a fundo e chegar a redes que não estão entre as maiores (caso da iGUi Piscinas, Livraria e Papelaria Nobel e Flytour, por exemplo), mas são muito representativas em seus segmentos, para criar um histórico e desenvolver novas análises nos próximos anos”, afirma Friedheim.
BALANÇO, PERSPECTIVAS E TENDÊNCIAS
Uma prévia da ABF aponta que, em 2019, o setor deve registrar alta nominal de 6,9%. Quanto à expansão, pelo segundo ano consecutivo a expectativa maior é em unidades de operação (5,1%) e em redes (1,4%). Em relação ao total de empregos diretos, a estimativa é de criação de 1,34 milhão de postos de trabalho (alta de 4,8%).
De acordo com André Friedheim, tanto os índices de confiança empresariais como os de consumidores, que têm apresentado um forte viés de alta, como a ligeira melhora do PIB, impactaram positivamente o setor.
“Mesmo atuando em diversos segmentos, o franchising sempre foi associado ao varejo. Portanto, dentro dessas estimativas, seu desempenho será melhor que o do setor como um todo (com alta prevista de 6,3% em 2019).”
Na internacionalização, dados já consolidados pela ABF apontam que, em 2019, havia 163 redes nacionais com operações em 107 países, ante 145 e 114 em 2018. Como principais destinos, Estados Unidos (67), Portugal (44) e Paraguai (36). Do lado oposto, 214 redes estrangeiras operavam no Brasil, oriundas de 30 países – alta de 13% e 25%.
O presidente da ABF avalia que 2019 foi um ano muito positivo nesse quesito, especialmente por conta das missões empresariais da entidade em parceria com a Apex-Brasil. “Temos casos de uma unidade aberta para fechar acordos e inaugurar dezenas de lojas nos Estados Unidos, assim como a abertura de uma franquia odontológica na China.”
Para 2020, a projeção da ABF, baseada na tendência de retomada do crescimento econômico e no avanço das reformas, é de alta de 8% no faturamento, de 6% no número de unidades e de 1% no total de redes. Nesse cenário, diz Friedheim, a internacionalização, assim como as fusões e aquisições, são as grandes tendências para o setor.
“As franquias brasileiras têm atraído olhares de fundos de investimento, de private equity, muitas estão na bolsa… Basta ver a compra da Domino’s Pizza pelo Vinci Partners, ou da Reserva pelo carioca Dínamo”, diz, citando um movimento nos Estados Unidos que deve se espalhar em outros mercados: o aporte em multifranquias.
Marcelo Maia, diretor executivo da ABF, lembra que esse movimento não está restrito ao private equity, mas outras formas de investimento, como debêntures, mercado de capitais e os hedge funds (fundos multimercado).
“Há um volume cada vez maior de fundos entrando no franchising que, quando completam seu ciclo de investimento e alavancam as operações, atraem outros players do setor financeiro, criando um círculo virtuoso”, completa.
Outra tendência, além do aumento das já citadas multifranquias e do embarque de novas tecnologias nos processos de gestão de franquias para diminuir custos, é a transformação digital das redes – um caminho sem volta.
“A integração entre o on e o offline, mais o papel relevante da loja física no ambiente de negócios, como a última milha, o local (da efetivação) do click-and-collect, são cada vez mais a realidade do setor”, concluiu Friedheim.
FONTE: Diário do Comércio