Em janeiro, dois segmentos do varejo paulista viram suas vendas crescerem, segundo o Boletim ACVarejo, da Associação Comercial de São Paulo (ACSP). Um é o de lojas de departamento, eletrodomésticos e eletroeletrônicos – elas apresentaram crescimento de 5,7% sobre janeiro do ano passado.
A base fraca de comparação levou o segmento a ficar no azul, visto que em janeiro de 2016 a retração foi intensa (-25,7%). Outros fatores que puxaram a alta foram as liquidações e o bom desempenho dos eletroportáteis. “Esses itens têm preços mais acessíveis do que eletrônicos, fogão e geladeira, que são mais caros e dependentes de crédito”, diz Alencar Burti, presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
O outro segmento com saldo positivo é o de concessionárias de veículos. Após dois anos de fortes retrações mês a mês, as vendas aumentaram 1,6% em janeiro na comparação anual, por conta da base fraca de comparação, já que em janeiro passado o recuo do setor foi de 25,6%. Pode ter contribuído para o resultado a maior procura do consumidor por carros usados, uma vez que a crise freou a venda dos novos.
Estado
Juntos, todos os segmentos do varejo no Estado de São Paulo acumularam queda de 6,7% em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2016. “O resultado é reflexo do desemprego elevado, da renda em queda e da menor disponibilidade de crédito. Embora ainda sigam refletindo a intensidade da crise econômica, os números sugerem tendência de atenuação das retrações”, afirma Burti.
12 meses
No período acumulado de 12 meses (janeiro de 2016 a janeiro de 2017), a retração das vendas do varejo paulista foi de 5% sobre igual período anterior. Destaque para autopeças e acessórios, setor que mostrou elevação de 4,5% na quantidade vendida, reforçando a preferência do consumidor por fazer manutenção do automóvel, inclusive do veículo usado recém-adquirido.
Regiões
Em janeiro, a única região paulista que não ficou no vermelho foi Araraquara, com ligeiro aumento de 0,1% frente a janeiro do ano passado. As menores quedas foram no Vale do Paraíba (-1,4%) e na região de Jundiaí (-1,5%). Já as regiões de Marília (-11,3%) e São José do Rio Preto (-10,5%) apresentaram as maiores perdas na mesma base de comparação.
A pesquisa ACVarejo é elaborada mensalmente pelo Instituto de Economia da ACSP com informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. Os dados se referem ao varejo ampliado e incluem nove atividades: autopeças e acessórios; concessionárias de veículos; farmácias e perfumarias; lojas de departamentos, eletrodomésticos e eletroeletrônicos; lojas de material de construção; lojas de móveis e decorações; lojas de vestuários, tecidos e calçados; outros tipos de comércio varejista; supermercados.
• Em janeiro, frente ao mesmo mês de 2016, os volumes de vendas do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) e ampliado (que inclui todos os setores) do Estado de São Paulo mostraram contração mais intensa, em relação a dezembro, na mesma base de comparação. Contudo, no resultado acumulado em 12 meses, as retrações foram menores que na leitura anterior.
• De qualquer forma, as quedas continuam sendo explicadas pelo maior desemprego, pela redução da renda e pela menor disponibilidade de crédito.
• Nos últimos 12 meses terminados em janeiro, as vendas do varejo restrito e ampliado diminuíram em todas as Regiões Administrativas do Estado (RAs) do Estado, com o pior resultado para a RA- 15 – Marília (-12,2% e -12,0%, respectivamente).
• Durante o mesmo período, houve redução no volume de vendas de praticamente todos os setores considerados, principalmente nos casos das lojas de móveis e decorações (-14,2%). A exceção continuou sendo o segmento de autopeças e acessórios, que mostrou elevação na quantidade vendida (4,5%).
• Os resultados do varejo do estado de São Paulo em janeiro, embora ainda sigam refletindo a intensidade da crise econômica, continuam sugerindo uma tendência de arrefecimento nas quedas do volume de vendas ao longo dos próximos meses.