Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial da inflação, voltou a acelerar em maio, mostrando elevação de 0,78%, frente a 0,61% registrado em abril.
Do mesmo modo, nos últimos doze meses terminados em maio, o índice também mostrou aceleração, ao apresentar alta de 9,32%, levemente superior à observada para o mês de abril, na mesma base de comparação (9,28% – Tabela 1), porém mantendo a inflação em termos “anualizados” muito acima do limite máximo de tolerância da meta anual de inflação (6,5%).
No resultado mensal, pesou o fim do incentivo à redução do consumo de água em São Paulo, que significou um aumento de tarifa de 41,9%, enquanto houve descompressão por parte do preço dos alimentos, cujo aumento passou de 1,09% em abril para 0,78%.
Também houve aceleração do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), cuja variação entre abril e maio saltou de 0,36% para 1,13%, contribuindo para aumentar o resultado em 12 meses de 10,46% para 11,26%, respectivamente.
Neste caso, o grande responsável pelo maior IGP-DI foi o Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), seu principal componente, que captou a alta dos preços no atacado da soja e do milho e a elevação do câmbio durante o mês passado, que afeta diretamente o custo dos fertilizantes importados. Desse modo, a alta do dos preços das matérias primas agrícolas (IPA AGRO), somente em maio alcançou a 3,31% e em 12 meses a impressionante taxa de 24,56%, o maior valor desde abril de 2011 (25,51%).
Em síntese, a inflação em maio segue em um dígito, mas se encontra ainda em patamar muito elevado. Para os próximos meses, o mercado continua apostando em sua desaceleração, devido principalmente aos efeitos da recessão e da menor taxa de câmbio, que passará a flutuar mais livremente. A rapidez dessa desaceleração dependerá crucialmente da redução da pressão do gasto público sobre as despesas totais, sendo esta a única forma de viabilizar a redução da taxa de juros ao longo dos próximos meses, principalmente após a mudança de comando no Banco Central, que deverá reforçar o compromisso de levar a inflação à meta anual de 4,5%.