O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que é considerado a medida oficial da inflação, subiu 0,44% em agosto, desacelerando frente a 0,52%, registrado em julho.
Apesar dessa desaceleração, a variação do IPCA de agosto foi o dobro da observada em 2015, levando o resultado acumulado em 12 meses acelerar entre julho e agosto de 8,74% para 8,97%.
A inflação está mais “espraiada” na economia, pois a porcentagem de itens da cesta básica que sofreram aumento de preço alcançou a 63,5% no mês, ante 59,5% verificado em julho. Houve também maior elevação do chamado “núcleo” da inflação, medida que não considera a influência dos preços de alimentos e energia.
Influíram no resultado do mês a menor elevação dos preços de alimentação e bebidas, refletindo a queda dos preços (deflação) das matérias primas agrícolas, ocorrida durante os dois últimos meses, além da menor elevação dos preços dos transportes.
Também houve aceleração na inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), calculado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que passou de uma deflação de 0,39% em julho para uma alta de 0,43% em agosto, gerando maior aumento do índice anualizado (acumulado em 12 meses), que passou de 11,23%
para 11,27% durante o mesmo período.
O principal responsável por esses resultados foi o avanço do Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), principal componente do IGP-DI, que refletiu os efeitos da intensificação do aumento dos preços das matérias primas agrícolas (IPA AGRO), cuja alta em 12 meses passou de 27,37% para 27,74%, respectivamente, refletindo a forte
“quebra” de safra em relação a agosto de 2015.
Em síntese, a inflação oficial continua desacelerando em termos mensais, apesar de ainda permanecer em patamares bastante elevados. A perspectiva é que continue cedendo diante do quadro atual de ociosidade e do recuo da taxa de câmbio, embora possa mostrar alguma resistência devido à pressão dos preços dos alimentos.
Na medida em que termine o ano muito distanciada do limite máximo da meta anual (6,5%), poderia postergar o início da redução dos juros por parte do Banco Central.