O déficit das contas externas do país continua com forte tendência de queda, podendo atingir brevemente o seu equilíbrio. É o que revelam os dados de abril do balanço de pagamentos, divulgados pelo Banco Central. Após sete anos de saldos negativos, a conta transações correntes do balanço de pagamentos (diferença entre exportações e importações de bens e serviços) voltou a registrar um saldo positivo (superávit) de US$ 412 milhões, enquanto no mesmo mês do ano passado teve um saldo negativo (déficit) de US$ 6,8 bilhões. Acumulado nos últimos doze meses, o déficit recuou de US$ 99,7 bilhões para US$ 34,1 bilhões, que, em relação ao PIB, passou de -4,51% para -1,97%.
A recessão econômica, ao reduzir a demanda interna e a depreciação do câmbio, que encarece os produtos importados, são as causas principais do ajuste das contas externas, que ocorre desde os primeiros meses do ano passado. No primeiro quadrimestre do ano, as importações de bens recuaram de US$ 63,1 bilhões para US$ 43,2 bilhões, queda de 31,5% frente ao mesmo período de 2015. As exportações, na mesma base de comparação, registram ainda um recuo de -3,3% (US$ 57,6 para US$ 55,7 bilhões), mas parecem começar a se recuperar, resultando em pequeno superávit da balança comercial (diferença entre exportações e importações de mercadorias) em abril.
O dólar mais caro e a queda atividade econômica estão contribuindo para reduzir as despesas com o pagamento de serviços prestados ao país, nos primeiros quatro meses do ano. Entre essas, destacam-se os menores gastos de turistas brasileiros em viagens ao exterior (de US$ 4,8 para US$ 1,7 bilhões), de transporte de mercadorias (US$ 2,4 para US$ 1,0 bilhão), de aluguel de equipamentos (de US$ 7,2 para US$ 6,6 bilhões), de juros (de US$ 8,5 para US$ 7,2 bilhões) e da remessa de lucros e dividendos pelas empresas estrangeiras sediadas no país (de US$ 5,0 para US$ 4,7 bilhões), em comparação com o mesmo período do ano passado.
Deve-se ainda ressaltar que o déficit das transações correntes continua sendo coberto com folga pela entrada de investimentos direto no país. Somente nos primeiros meses do ano esses recursos somaram US$ 23,7 bilhões, superando o montante de US$ 18,9 bilhões, registrados no ano passado. Mesmo com as crises política e econômica, esses capitais financeiros de longo prazo acumularam saldo positivo de US$ 64,4 bilhões nos últimos doze meses.
Em síntese, mantendo-se essa tendência de ajuste das contas externas, especialmente referente à balança comercial, que até a terceira semana de maio, acumulou um saldo de US$ 4,0 bilhões, conforme relatório do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a perspectiva é de equilíbrio da conta corrente até o final do ano, eliminando qualquer possibilidade de crise cambial.
FONTE: Instituto de Economia Gastão Vidigal / ACSP