A taxa de câmbio constitui um dos preços fundamentais de qualquer economia. Além disso, também é um dos principais instrumentos da política econômica, e, por isso, seu nível “ideal” depende fundamentalmente do objetivo de política econômica finalmente perseguido.
Em geral, uma cotação mais alta tende a aumentar a competitividade da produção dos comercializáveis (tradables) – produtos e serviços que podem ser importados ou exportados, a partir da redução de seu valor, quando convertido em moeda estrangeira (tipicamente dólar).
Por outro lado, um câmbio cadente, poderia ser um forte “aliado” no combate à inflação, pois, ao baratear a importação de insumos e equipamentos, diminui os custos de produção das empresas. Na mesma direção, o fortalecimento da moeda nacional também faz cair o incentivo a exportar produtos agrícolas, provocando alta de sua oferta nacional, e, por conseguinte, queda de seus preços internos.
Nas últimas semanas o mercado tem assistido à uma apreciação do Real em relação à moeda norte-americana, que decorre dos resultados cada vez mais positivos da balança comercial (diferença entre exportações e importações), e, fundamentalmente da menor percepção de riscos políticos e econômicos atrelados à ratificação do impeachment da Presidente Dilma por parte do Senado Federal.
Frente a esse cenário, o Banco Central poderia ter duas reações. A primeira seria intervir no mercado cambial, a partir da compra de dólares, preservando os ganhos de competitividade da produção nacional, em especial da indústria, cujas exportações têm crescido nos últimos meses. A segunda alternativa seria permitir que o câmbio continue em trajetória decrescente, o que ajudaria a reduzir de forma mais rápida a taxa de inflação, que tem se mostrado resistente, face à forte recessão enfrentada pela economia.
É difícil avaliar qual a melhor alternativa, e por isso mesmo, trata-se de um clássico “dilema” de política econômica, pois é impossível alcançar os dois objetivos anteriores, simultaneamente, somente com o uso da taxa de câmbio. Para evitar que se produza esse “dilema”, seria necessário cortar de forma efetiva o gasto público, o que auxiliaria na redução da inflação, evitando que um maior fortalecimento do Real “mate no nascedouro” a recuperação da atividade econômica.
Síntese Econômica
• Crédito à pessoa física continuou desacelerando em junho.
• Inflação seguiu acelerando em julho.
• Produção industrial, varejo e serviços apresentaram contração menos intensa em junho.
• Inadimplência bancária recuou no mês de junho.
• As contas públicas aprofundaram sua deterioração em junho.
• As contas externas seguiram mostrando melhora, devido principalmente à recessão.
• Taxa de câmbio continuou recuando em julho.