Revertendo a tendência até então decrescente, a inesperada vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos Estados Unidos gerou forte elevação da taxa de câmbio, mitigada por intervenções do Banco Central. Como o candidato republicano havia sinalizado aumentar gastos públicos e promover ampla redução de impostos, sua vitória passou a ser associada com expansão da despesa total daquela economia, provocando, conjuntamente com a quantidade expressiva de dinheiro existente, uma aceleração da inflação.
Seguindo o raciocínio do mercado, para conter esse impulso inflacionário, a autoridade monetária norte-americana (Reserva Federal) deveria reagir com aumentos mais rápidos e intensos da taxa de juros, compensando o crescimento inicial da despesa.
Os juros internacionais mais altos, por sua vez, reduziriam o ganho dos capitais que entram no Brasil para obter maior remuneração financeira, diminuindo a entrada de dólares, e, portanto, aumentando a taxa de câmbio.
A maior taxa de câmbio redundaria em maior custo de produção, o que poderia gerar pressões inflacionárias, atrasando a redução da taxa básica de juros (SELIC) por parte de nosso Banco Central, e, por conseguinte, a recuperação da atividade econômica. Isso foi exatamente o que vislumbraram os analistas de mercado, que no último Boletim FOCUS reduziram suas previsões para a redução da SELIC e para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
Contudo, existe outro aspecto que merece consideração. O maior valor do dólar, tenderia, por outro lado, a aumentar a competitividade da produção industrial e das exportações, que poderiam se converter em “motores” alternativos da retomada do crescimento do PIB.
Na ausência de reformas estruturais, tais como a trabalhista, a tributária e a educacional, entre outras, que permitam reduzir o “custo Brasil”, diminuindo o custo de produção das empresas nacionais, a evolução do câmbio passa a ser o fator determinante de suas vantagens competitivas em relação a suas rivais internacionais.
Síntese Econômica
• Crédito à pessoa física continuou desacelerando em setembro.
• Inflação, em termos anuais, seguiu recuando em outubro.
• Produção industrial, varejo e serviços seguiram caindo em outubro.
• Inadimplência bancária aumentou levemente em setembro.
• As contas públicas intensificaram sua deterioração em setembro.
• As contas externas continuaram mostrando resultados positivos.
• Taxa de câmbio apresentou volatilidade em outubro.
FONTE: Instituto de Economia Gastão Vidigal